segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sinto saudade...


 Saudade de quando eu era livre e voava como os pássaros na minha imaginação feliz e em todos os campos por onde eu passava, me sentia solta. Admirava a natureza como ninguém e sabia ver, sentir e viver dentro daquele imenso espaço só meu.

 Saudade dos pés descalços a correr pelo gramado depois da chuva que limpava o chão com aquela água que descia do céu com tanta força e depois mais amena, me enlouquecia de felicidade quando molhava minha cabeça encharcando minhas tranças e descia pelo corpo suavemente até ao chegar ao solo onde era absorvida. Aquilo me deixava encantada e muito feliz.

 Quando cessava a chuva, deitava na grama molhada e esperava o arco-iris  que se misturava com o sol. Eu imaginava que ele só aparecia para mim e que somente eu, admirava a sua beleza e aquela sequência de cores.

 Saudade, das noites de estrelas no céu onde eu me perdia na contagem para saber se estavam todas lá e com o mesmo brilho do dia anterior. Sim, eu contava uma a uma  e elas, piscavam para mim, era assim que marcavam presença.

 Saudade, das frutas colhidas maduras e saboreadas ali, junto ao pé carregado e sem nenhuma cerimônia, catava e levava algumas para serem consumidas mais tarde. Cresci e parti para longe dali onde meu coração ficou enterrado naquele chão chamado liberdade e onde estava minha vida.

 Os sonhos sonhados, foram se deteriorando e ao longo do caminho, trocados por sonhos fabricados pelas imposições a mim apresentadas e aos poucos, fui me perdendo e distanciando de mim, toda a ilusão de felicidade que guardava no fundo do meu coração para que um dia, eu pudesse vivenciá-la.

 Me perdi no tempo e o tempo, se impôs para que eu fosse mais ágil e aos poucos, senti que estava perdendo o chão que era firme. Não sabia mais onde apoiar meus pés e veio a luta para sobreviver na selva de pedras, onde conheci a dor, o amor, o desamor e também a coragem.

 Ali, perdi meu medo, mas encontrei obstáculos que precisei transpor, me esqueci em lugares distantes muitas vezes e me tornei amarga em outras. Derramei muitas lágrimas, meu sorriso ficou mais escasso e conheci as lutas, as guerras e suas consequências nessa teimosia em querer viver, ser feliz, ter paz e ser amada como sempre amei.

 Saudade, sinto hoje de você que se afastou e não disse o porquê. Saudade, saudade de você.

by/erotildes vittória/REG/012/LL66LLPRSTT/
manuscrito de 2008/ARQ11.772st02//0013/000013/
editado do original (manuscrito) em 25 de setembro de 2017

Image/Google


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