segunda-feira, 25 de setembro de 2017
O amor é eterno... (do diário de Mizhel/1971/1973)
E de minha janela, podia ver quando ele estava chegando e acenando para mim do barco. Era assim todos os dias, chegava sempre carregando nos braços, enormes buquês de flores.
Eram dias felizes e de encantos, havia cumplicidade e muito amor em nossos olhares. Muitas vezes, as estrelas piscavam e pareciam dizer olá. Em outras, a lua fingia não ver e se deixava cobrir pelas nuvens.
Havia sempre o silêncio e podíamos ouvir o som das ondas que iam e vinham até encostar suavemente em nossa casa. Em uma tarde de sexta-feira, eu estava junto à janela e admirava o mar distraidamente, quando percebi, já era noite. Uma noite muito escura.
Ele não voltava e meu coração ficou triste e dolorido. Dos meus olhos, desceram lágrimas de grande tristeza. Continuei ali, naquela janela que costumávamos chamar de porta.
Já madrugada, senti um vento forte bater em mim e avistei o barco vindo para casa. Meu coração dizia que eu ficaria sozinha. Não havia flores e nem acenos, mas uma dor que dilacerava meu corpo.
A vida para ele, havia terminado. Seu dia, havia chegado e precisava ir. Corri até o barco e ainda pude ouvir: Hoje, não trouxe suas flores. Abracei forte seu corpo cansado e beijei seus olhos envoltos em um mar de lágrimas e dor.
Sua última frase foi: O amor é eterno...
by/erotildes vittória/REG/011/LL/66LLPRcc012/06
(do diario de Mizhel/1971/1973)
editado/segunda-feira, 25 de setembro de 2017 10:57:20
Imagem/Google
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