segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Submissão...


Nessa corrida desenfreada que é o dia a dia, consegui observar através de muitos anos me questionando, deduzindo, e observando para concluir  algumas experiências que  valem um comentário onde a teoria para mim, nunca serviu, nuca funcionou. Precisei vivenciar cada momento para que a conclusão fosse a meu ver, correta, embora saiba que as críticas serão muitas, mas isso já não me surpreende como algo amedrontador porque sei que convivo em uma sociedade predominantemente, machista.

Venho de uma família onde a mãe era uma mulher submissa e sem nenhum apoio da família, desabafava com  os amigos que nada faziam para ajudá-la, temiam represálias e assim, nunca conseguiu se expressar de forma que fosse avaliada a sua condição de um eterno mal-estar devido ao seu sofrimento.

Era necessário muita coragem para que uma atitude a deserdasse daquele casamento sem vida e que poderia ser a causa que a levou para o túmulo ainda muito jovem, após um parto mal sucedido. Suas dores, foram herdades por seus filhos que  pequenos, não conseguiram entender o motivo de sua partida. Talvez, tivesse imaginado que a vida se encarregaria de ensiná-los e torná-los fortes o que de certa forma, estava certa.

No decorrer dos anos, fui aprendendo que as mulheres de mães submissas, se tornam fortes e extremamente corajosas, caminham de cabeça erguida, e muito cedo, aprendem a dizer não e seguem sem medo, mas observam as laterais por onde andam, o chão onde pisam e os olhares daqueles que as cercam e tentam impor condições. Corajosas, carregam apenas o necessário nas costas para defender o direito de serem livres, mesmo que isso nunca seja compreendido pela maioria, mas se engana quem imagina que elas não ambicionam o melhor para elas e para os seus.

Os homens, em sua maioria, infelizmente, acabam dominadores porque o machismo concebido como uma herança maldita, fez daqueles que vivenciaram a submissão da mãe, heróis e agem da mesma forma que o pai levando esse estigma marcado na testa, mas pouco visível para a maioria das mulheres que não conheceram a violência familiar e se apaixonam pela aparência, pela suposta gentileza, entre tantos adjetivos que conseguem encontrar naquele príncipe perfeito. Dessa forma, só percebem quando o relacionamento começa a ser visível sob todos os ângulos e ameaçadas, mesmo insatisfeitas, acreditam que tudo voltará a ser como imaginaram. Dão desculpas para elas mesmas, se culpam e imaginam como algo que pode acontecer. Mal sabem elas que esqueceram de avisá-las que a primeira agressão é o início de uma série delas e o medo é o caminho mais fácil para torná-las vítimas. As que ousam marcar o fim do relacionamento, na maioria das vezes, sofrem as consequências de forma cruel porque a lei não é tão justa quanto se declara no papel.

by/erotildes vittoria/‎sexta-feira, ‎13‎ de ‎outubro‎ de ‎2017 11:36:43
Editado em 07 de setembro de 2018

Image/Creative Commons

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