Estava terminando de tomar meu chá como faço todas as noites, depois das dez. A campainha tocou, achei estranho, mas fui atender.
Ele disse, abra por favor, precisamos falar. Resolvi atender seu pedido e mesmo cansada, fui ouvindo o que me dizia, algumas palavras, eram através de gestos.
Ele abriu uma lata que trazia com seu chá de rosas que sempre fazia questão de beber quando estava naquele estado.
Fui buscar água e mais uma xícara, ele colocou algumas pétalas e cobriu com a água quente. Fez um chá para que eu, o acompanhasse.
Falou durante mais de uma hora. Reclamou de tudo, do trabalho, da solidão, do trânsito, depois, calou-se por alguns minutos.
Levantou do sofá, olhou dentro de meus olhos e perguntou; você está feliz? Fiquei sem saber o que responder, mas ele mesmo respondeu, não, não está. Quando estamos felizes, não hesitamos.
Foi até a porta e eu, o acompanhei, pensei que estava de saída, mas ele voltou e sentou no sofá novamente, depois, pediu para dormir na minha casa, não estava bem para dirigir.
Disse que sim, então, veio e me abraçou tão fortemente que senti toda sua tristeza e sua dor.
Sua voz ficou serena, e naquele abraço, eu consegui sentir o quanto ele precisava de um ombro amigo, alguém para falar, alguém para ouvi-lo.
Conversamos a noite inteira, ele fez o café da manhã e arrumou a mesa do seu jeito, depois, deitou no sofá e dormiu durante muitas horas.
Acordou, bateu na porta do meu quarto, sentou ao lado da minha cama e disse; eu queria morrer ontem, jogar o carro contra alguma coisa, eu queria, não quero mais.
by/erotildes vittoria/2 de julho de 2012 às 22:59 ·