domingo, 6 de julho de 2014

Copos...

Copos...

Eu estava cansada de tantas desculpas, de histórias mirabulantes e de tantas palavras inúteis.
Quando telefonou me dizendo que ficaria até mais tarde no escritório, respondi que tudo estava bem.
Não estava, era a sua última vez, sua última desculpa que eu aceitaria.

Coloquei os copos que acabava de lavar sobre a mesa da copa e num ímpeto de muita raiva, empurrei todos para o chão.
Olhei para aqueles cristais partidos porque era assim como estava meu coração e jurei não aceitar mais suas mentiras.

Apenas um deles não havia quebrado, eram de uma coleção antiga,valiam uma fortuna, mas eu era mais valiosa que alguns copos.

Enchi a taça com água, o vinho, não me daria a chance de ver o que estava acontecendo conosco.

Passava da meia noite quando ele entrou e surpreso, perguntou o que havia acontecido.
Respondi que absolutamente nada, apenas desejei quebrar os copos e senti um enorme prazer quando os vi partidos e no chão.

Ele sentou no sofá e disse que era chegada a hora da verdade. Meus pés gelaram, mas me mantive firme e o deixei falar.

Contou que havia mentido para mim e que sua mãe, estava viva e acabava de morrer. Colocou sua mão sobre a minha e explicou  que durante muito tempo, a visitava todas as noites e precisava que eu o perdoasse.

Eu não sabia o que dizer, mas ele continuou a falar e explicou com detalhes que seu pai a levou para longe, ao imaginar que era traído.
Ela estava muito doente e  falou durante toda a noite sobre os vários anos que passou longe dela e do quanto ela o amava, era seu único filho.

Encostou a cabeça em meu ombro e chorou durante algum tempo, depois, olhou para mim e perguntou qual era a importância dos copos diante da vida, do amor, do nosso amor e respondi apenas,
nenhuma importância.

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