Vovó...
De saudades, já nem falo mais, quem não lembra da sua avó? De manhã bem cedinho na cama bem quentinha trazia um leite e
dizia, beba tudo para você crescer forte e sadia, é muito bom para começar o
dia e era, minha avó.
Quando mamãe morreu, foi você quem me acolheu e aos nove
anos, aprendi a amar diferente e a querer você, sempre comigo, tinha medo de te
perder também, mas você sempre ensinou que tudo na vida tem fim.
Me ensinou a amar e perdoar, mas sempre perdoar a mim mesma
antes de perdoar aos outros e assim, meu coração seria feliz.
Você minha avó, tinha uma coleção de beijinhos curativos e
quando foi embora, senti tanto e os guardei para usá-los e aplacar minha nova e
imensa dor. Usei seus beijinhos para não chorar, para poder ir em frente e
continuar. Alguns deles, guardo ainda e quando minha dor é muito grande,
vou lá e faço uso deles e assim, engano meu coração.
Hoje, minha avó, estou triste, muito triste, nem teus
beijinhos fazem passar minha dor, mas lembro que dizia, não peça nada a Deus,
apenas agradeça os momentos, Ele saberá dar o que necessita.
Está difícil, mas sei que estava certa e meu coração, será
feliz novamente. Os pássaros quando voam, são livres e vão sem medo, era o que você
falava quando algo doía em mim.
Quantas coisas me ensinou e tantas que não ouvi. As mais
belas lições da vida foram mostradas para que eu vivenciasse e compreendesse o
que poderia ou não, ser útil na minha caminhada.
Me ensinou a contar apenas comigo e nunca esperar que
alguém abrisse meu caminho, porque somente eu, saberia fazê-lo, somente eu
poderia ter a certeza do que desejava para mim e assim, seguir sem medo porque
não seriam os obstáculos a me deter e tampouco, impedir minha caminhada.
Obrigada minha avó, minha heroína, meu exemplo de vida, de
carinho, de firmeza e de amor. Quanta sabedoria minha avó, mas eu não entendia.
by/erotildes vittoria/REG/012/LL/61LLPRcc013manuscrito de
1973
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