Atravessando o deserto...
Sabia que nada seria fácil e a água já escassa, deveria ser
usada unicamente para beber.
Há dias, sentia uma imensa vontade de parar e entregar o que
ainda possuía ao deserto.
Meu corpo estava desfigurado pela dor, sem saber onde
estariam meus amigos perdidos, ou seria eu a perdida no centro do deserto?
Minha vida, parecia estar ligada a um cordão. Era
imensamente desagradável estar ali sem nenhuma noção de até onde, poderia
chegar.
Os pés, estavam cansados e extremamente debilitados pelo desgaste
da bota que os protegia.
Já não havia mais como me orientar, não sabia coordenar
quando era noite ou quando era dia, mas não tinha mais importância, tudo era
nada, absolutamente nada e o cansaço, me deixou caída no meio do deserto e
adormeci.
Acordei com a tempestade de areia e sem forças ainda, vi que
estava sendo enterrado, o meu corpo que ainda possuía vida.
Senti estar sendo devorada viva. Consegui forças e me
coloquei de pé. Não sabia mais para onde ir e a direção, era o que menos
importava, precisa salvar a mim mesma do medo do deserto descoberto e
desprovido de qualquer meio de sobrevivência.
De repente, tudo silenciou, só ouvia o som do meu desespero,
do não saber o que fazer.
Minha água daria ainda para dois dias, mas era tempo
demasiadamente curto para tanta distância e extrema exaustão.
Queria sentar, mas tinha medo de não conseguir mais levantar meu corpo. Não chorei, estava desprovida de lágrimas e de qualquer sentimento naquele lugar.
Cai e adormeci novamente de fome, cansaço e medo. Não sei quanto tempo passei dormindo, mas sei que ao acordar, não estava mais lá.
Meus amigos, encontraram o caminho da volta, vieram ao meu
encontro, me resgataram, e levaram meu corpo quase sem vida para uma tenda onde
havia água e frutas.
Naquele lugar, esperei mais vinte dias para que eu fosse levada de
volta ao meu ponto de partida, a capital da cidade.
by/erotildes vittoria/012/LL/61LLPR/RESF/05 de julho de 2011
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